Parte do dinheiro seria destinado à reconstrução do cenário, utilizado durante 21 anos, mas destruído por cupim, para gravar os áudios dos atores, diante de mudanças significativas no elenco, e para a confecção de novos figurinos. Além disso, havia a intenção de ajustar as remunerações do elenco, incluindo figuração, e da equipe técnica, defasadas há alguns anos. A temporada 2018 estava marcada para os dias 30 e 31 de março e 1º de abril.
“Tivemos a garantia da Prefeitura do Recife, de que investiria R$ 250 mil, e do Governo do Estado, de que entraria com R$ 150 mil, mas essa verba não é suficiente diante das demandas do espetáculo este ano. E, infelizmente, não conseguimos apoio da iniciativa privada”, avalia Paulo de Castro.
“Todos os anos lutamos para fazer a Paixão de Cristo do Recife: passamos por muitas dificuldades e, mesmo assim, íamos em frente porque temos consciência da importância do espetáculo para a cidade do Recife e também para Pernambuco. Mas chegamos ao limite. Não dá para continuar, inclusive pela segurança do elenco e do próprio público. O cenário precisaria ser refeito”, explica José Pimentel.
Para os produtores, o cancelamento da temporada 2018 é uma decisão pontual. “Isso não quer dizer que a Paixão está acabando. Os nossos esforços serão para que, em 2019, tenhamos um espetáculo remodelado”, finaliza Pimentel.
Histórico
Quando foi criada, em 1997, a Paixão de Cristo do Recife era conhecida como “A Paixão de Todos”. Durante cinco anos, a encenação aconteceu no estádio do Arruda. Depois, entre 2002 e 2005, ocupou o Marco Zero. Em 2006, por conta de reformas no local, foi encenada em frente ao Forte do Brum e, desde 2007, retornou ao Marco Zero, no Bairro do Recife.
Um dos eventos mais importantes no calendário cultural e religioso da capital pernambucana, a Paixão de Cristo do Recife chegava a reunir mais de 30 mil pessoas a cada noite de temporada. Gratuito, o espetáculo possui números de superprodução: o elenco é composto por 100 atores e 300 figurantes. Um dos diferenciais da montagem é que o público não precisa se deslocar para assistir ao espetáculo e, mesmo assim, a produção conta com nove cenários diferentes. Além disso, uma das premissas da encenação sempre foi a valorização do ator pernambucano e a consolidação do mercado de trabalho para os profissionais de artes cênicas.