O caos desta segunda-feira (5) no trânsito do Recife é só uma mostra do potencial de problemas sociais dos casos de acusações contra supostas pirâmides financeiras. Os protestos que bloquearam a Avenida Mascarenhas de Morais e pararam a Zona Sul da capital reuniram investidores da Telexfree, BBom e Priples – todas se dizem empresas de marketing multinível, mas estão suspensas pela Justiça por suspeita de serem pirâmides. A Avenida Paulista, em São Paulo, também recebeu protestos. O movimento ganhou ainda as ruas de Natal (RN). Além das três empresas, há pelo menos outras 30 investigadas e as autoridades alertam: o trabalho de uma força-tarefa do Ministério Público e da polícia em todo o País deve elevar o número de ações e paralisações.
O estopim dos protestos de ontem no Recife foi a prisão do empresário Henrique Maciel Carmo Lima, 26 anos, e sua esposa e sócia Mirele Pacheco de Freitas, 22, ambos da pernambucana Priples, suspensa por determinação da Justiça estadual. A empresa seria do ramo de marketing digital. De acordo com o delegado Carlos Couto, da Polícia Civil, no entanto, dos R$ 107 milhões movimentados pela Priples em apenas quatro meses desde o início do negócio, em abril, 95% vieram de novas adesões. Ou seja, segundo ele, 210 mil investidores colocaram seu dinheiro em uma empresa que não vendia nada.
Além da Priples, há acusações semelhantes contra a Telexfree, suspensa pela Justiça do Acre após alcançar quase 1 milhão de pessoas, a BBom, paralisada em Goiás após superar os 100 mil cadastros, e a Blackdever, parada em Minas Gerais depois de atrair 50 mil pessoas.
No total, são 33 investigadas, todas alvo de alertas de órgãos como Ministério Público, polícia, Ministério da Fazenda, Ministério da Justiça e Procons não só pela suspeita de crimes contra a economia popular (pirâmides), mas principalmente pelo alto risco financeiro para os investidores.