Desvios na ordem de quase R$ 57,8 milhões nas prefeituras do Recife e de Jaboatão dos Guararapes em recursos de combate à Covid-19 são investigados pela Operação Desumano, deflagrada na manhã desta quarta-feira (16) pela Polícia Federal (PF). Um empresário investigado foi preso. O nome dele não foi informado pela polícia. PUBLICIDADE
De acordo com levantamentos iniciais da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão parceiro da PF na operação, foram identificados “fatores de risco” na execução de valores para a empresa investigada no processo. A empresa teria sido favorecida em dois processos de licitação que somam os R$ 57.768.962,61 – sendo R$ 34.028.654,07 do Recife e R$ 23.740.308,84 de Jaboatão.
Segundo a PF, a empresa foi contratada através das secretarias municipais de Saúde dos respectivos municípios. Além do mandado de prisão temporária expedido em desfavor do empresário, foram emitidos 21 mandados de busca e apreensão, sendo 16 para o Recife, três para Jaboatão dos Guararapes, um para Olinda e um para Paulista.
Em nota oficial, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) negou as irregularidades apontadas pela operação. “Todas as contratações relativas à emergência da pandemia de Covid-19 ocorreram dentro da legalidade. O Instituto Humanize de Assistência e Responsabilidade Social foi a organização responsável pela gestão do hospital de campanha da Imbiribeira, que ficou aberto durante cinco meses. O hospital cumpriu sua missão de salvar vidas, entrou em processo de fechamento no início do mês e fechou as portas essa semana”, diz o texto.
Ainda segundo a Sesau, a Prefeitura do Recife envia, “por iniciativa própria”, todos os processos de compras e contratações da pandemia para os órgãos de controle. “Esse contrato, por exemplo, foi enviado ao Tribunal de Contas do Estado em abril”, acrescenta a pasta.
As investigações apontam que a empresa contratada para atuar na terceirização de serviços de saúde não tinha “requisitos formais” e “capacidade operacional, patrimonial e financeira compatíveis com os serviços pactuados”. Desta forma, foram identificados os indícios de possível direcionamento para desvios de recursos, que teriam sido orquestrados por agentes públicos do Recife e de Jaboatão.
Os envolvidos na investigação podem responder pelos crimes de peculato, organização criminosa, falsidade ideológica e dispensa indevida de licitação. As penas podem passar dos 20 anos de reclusão.
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informou que espera mais detalhes para emitir posicionamento oficial sobre a operação.
Todos os elementos da operação serão compartilhados ente PF, CGU, Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) e com o Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de Pernambuco (Dracco).