A sinalização para a articulação de “uma nova oposição no Estado”, lançada por Marília Arraes (PT) no último domingo, encontraria resistências na centro-direita. Embora ela tenha contado, no segundo turno, com o apoio de líderes ligados ao espectro ideológico fora da esquerda, alguns dos principais nomes desse campo político descartam qualquer aliança com o Partido dos Trabalhadores. Esse diálogo só seria possível se a deputada federal deixasse a legenda.
Nas últimas duas semanas, Marília reforçou o palanque para a Prefeitura com lideranças como o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e o presidente estadual do Podemos, deputado federal Ricardo Teobaldo. Ela citou os dois políticos nos agradecimentos do discurso que deu na noite da apuração dos votos na Capital, sinalizando, em seguida, para uma articulação contra os pessebistas, que governam Pernambuco há 14 anos. A Folha tentou entrar em contato com Ferreira, mas não obteve resposta. Já Teobaldo disse, por meio da assessoria de imprensa, que não iria comentar “por enquanto”.
Terceiro colocado no primeiro turno da eleição, o ex-ministro Mendonça Filho (DEM) é um dos que não excluem, por completo, um diálogo com a parlamentar. Mas rechaça qualquer possibilidade de se coligar ao PT. “A gente vai continuar na trincheira da Oposição, no campo da centro-direita, se contrapondo a esse plano hegemônico (do PSB). É lógico que não posso falar pelo projeto Marília, no campo da esquerda que agora tem uma cisão com o PSB. E vamos aguardar os acontecimentos”, afirma. “Sempre tive uma posição antagônica ao PT, e eu me abstive de votar no segundo turno, diferentemente de alguns segmentos. Eu não sei qual vai ser o caminho da deputada Marília”.
Outra candidata dessa ala, que ficou em quarto lugar no pleito deste ano, a delegada Patrícia Domingos (Podemos) não acredita na viabilidade de um diálogo nem com o PT nem com Marília. “O PT não tem legitimidade para se dizer oposição, pois foi e ainda é parceiro de gestão do PSB no Estado e no Recife. Basta ver pelo quantitativo de cargos comissionados que o PT ocupou nas gestões do PSB ao longo dos últimos 20 anos”, avalia. “Não seria possível (diálogo com Marília) porque não coaduno nem com as práticas do PT nem da candidata. Inclusive, Marília foi investigada por mim, hoje respondendo a um processo por improbidade administrativa”.
Já o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), que foi coordenador de campanha da Delegada Patrícia, se mostra mais aberto a uma composição com a parlamentar. Para ele, Marília é “uma grande liderança”, mas “foi atrapalhada no segundo turno por Lula e pelo PT”. “O Cidadania estará na oposição ao PSB, mas não no mesmo palanque do PT. Se o PT mantiver sua aliança atual com o PSB no Governo do Estado, Marília terá uma decisão: se fica em um partido da base do PSB ou se vem para um partido mais amplo da oposição”, opina.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da deputada Marília Arraes, mas ela não quis se pronunciar.
Informações: Folha PE