A nomeação do ex-deputado federal e ex-candidato ao Governo do Estado nas últimas eleições Danilo Cabral (PSB) para a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste não vai apenas tirá-lo do ostracismo.
Será a primeira vez que dois pernambucanos estarão no comando de dois órgãos que se inter-relacionam: a Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), presidido pelo ex-governador Paulo Câmara, ex-PSB.
O BNB, no entanto, tem hoje muito mais robustez São 292 agências físicas e mais de 5,3 milhões de clientes ativos. Aos 70 anos, financia os grandes empreendimentos eólicos e solares da região, de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões de investimento em cada.
Criada em 1959, a Sudene já não tem a mesma saúde. No orçamento de 2023, cabem à autarquia R$ 78 milhões. É ela que define os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), algo em torno de R$ 35 bilhões para este ano, destinados a 11 Estados (são 1.990 cidades). As maiores fatias estão com a Bahia (R$ 8,1 bilhões); Ceará (R$ 5 bilhões); e Pernambuco, com R$ 4,7 bilhões.
Servidores reclamam de salários cada vez mais defasados e estrutura deficitária. Além disso, a autarquia perdeu representatividade ao longo do tempo. Vai precisar de forte articulação política para se recompor.
O presidente Lula conta com o perfil jeitoso de Danilo Cabral para reacender a relevância da Sudene. Ainda sem data para tomar posse, mas já descobrindo os desafios que irá enfrentar, o ex-secretário de Educação, de Cidades e de Planejamento do Estado vai procurar os governadores da região – nove do Nordeste, mais o de Minas Gerais e o do Espírito Santo.
Deve começar pela Paraíba, governada por João Azevêdo, também do PSB. Não há proximidade entre os dois, mas Azevêdo hoje preside o Consórcio Nordeste, criado em 2019 para promover o desenvolvimento, a troca de experiências entre os nove Estados, e definir agendas políticas regionais.
Se seguir à risca o preceito do presidente Lula de que o desenvolvimento do Brasil começa pelo Nordeste, Danilo Cabral terá outra oportunidade de mostrar suas qualidades como gestor, ressaltadas tanto pelos petistas – que abriram mão da vaga em Pernambuco para deixá-lo mais perto do novo grupo político que se articula – quanto por integrantes do PSB que o ignoraram após um pleito no qual conquistou o quarto lugar. Vai sair muito mais forte do que entrou.
Informações: Blog da Folha