O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou na tarde desta quinta-feira (18) que deixou o cargo. Weintraub fez o anúncio em um vídeo publicado no seu canal no YouTube no qual aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro. O ministro atribuiu sua saída a um convite para ocupar um cargo de direção no Banco Mundial, indicação que segundo Weintraub foi referendada por Bolsonaro.
Weintraub disse que “nos próximos dias” passará o cargo para seu substituto, “interino ou definitivo”. O mais cotado para chefiar o MEC no momento é o secretário nacional de alfabetização, Carlos Nadalim.
Segundo Weintraub, com a nomeação para o Banco Mundial, ele e sua família poderão ter “a segurança que hoje” estaria deixando-o “preocupado”. O ministro não detalhou os motivos de tal preocupação.
O vídeo em que Weintraub anuncia sua demissão, intitulado “Palavras do Coração”, termina com um abraço entre o ministro e Bolsonaro. Ele foi o 11º nome a ser trocado no primeiro escalão do governo federal em um ano e meio de mandato de Bolsonaro.
Ataque ao STF
No vídeo em que anuncia a saída, Weintraub diz não querer “discutir os motivos” de deixar o cargo. Sua demissão do ministro foi cogitada diversas vezes neste período de um ano e dois meses, mas ganhou contornos mais claros depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. No encontro, Weintraub sugeriu a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi incluído no inquérito que apura fake news e ameaças contra a Corte.
“Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse durante a reunião.
Economista de formação e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Weintraub estava no cargo desde abril de 2019, quando substituiu Ricardo Vélez Rodríguez. Antes, foi secretário-executivo da Casa Civil, também no governo Bolsonaro. Nesta terça-feira (16), o ministro já havia admitido que a sua situação no governo era incerta.
No último fim de semana, Weintraub se encontrou um grupo de manifestantes que conseguiram furar o bloqueio da Esplanada dos Ministérios, fechada para protestos pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Em vídeos compartilhados pelos apoiadores do governo, o ministro reitera ofensas aos magistrados.
Além do desgaste interno, a situação ainda lhe rendeu uma multa de R$ 2 mil, aplicada pelo governo do Distrito Federal pelo ministro ter descumprido o decreto distrital que obriga o uso de máscaras de proteção em locais públicos.