Escolas aumentando o número de simulados preparatórios para o Enem e estudantes deixando os cursinhos de matérias isoladas. Os efeitos do fim do tradicional vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já começam a ser sentidos nas unidades de ensino do estado. Desde que a principal instituição de ensino superior do estado optou pela adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC), há dez dias, o Exame Nacional do Ensino Médio passou a ter peso ainda maior nas práticas curriculares das escolas. No último vestibular, a Federal ofereceu 6,6 mil vagas.
A prova nacional começou a ser aplicada em 1998 pelo Ministério da Educação, mas o impacto na rotina das escolas de Pernambuco só veio mais de 10 anos depois, em 2009, quando a UFPE passou a usá-la como primeira fase do processo seletivo. Como o Enem representava 50% da nota do vestibular, ocupava pelo menos metade do calendário escolar. Agora, quase todo o conteúdo programático é voltado ao teste. Só o vestibular da Universidade de Pernambuco (UPE) mantém a segunda fase com questões de disciplinas específicas.
Com a adesão ao Enem, as escolas estão mais interdisciplinares e competitivas. No Colégio Motivo, que já dá ênfase ao exame nacional há pelo menos cinco anos, os estudantes passaram a ter oito simulados do Enem este ano. Em 2013, eram seis. Os dois simulados voltados à segunda fase deixaram de ser aplicados. “As escolas mais antenadas já trabalhavam com o Enem há muito tempo. O que muda é que agora podemos dar maior carga ao exame, que exige, além de conhecimento, outras habilidades”, pontua o supervisor de ensino médio do Motivo, Sérgio Ribeiro. Saber responder a prova a tempo e ter controle emocional são habilidades necessárias. “Aplicamos os simulados do Enem à tarde, exatamente na mesma hora que o exame acontece. Fazemos uma reprodução fiel do dia da prova”.
O professor Fernando Beltrão, do curso Fernandinho & Cia, disse que a inquietação que os alunos sentiram no dia do anúncio da adesão foi substituída pela vontade de estudar mais. “O Enem já é algo consolidado. No dia seguinte à adesão, já comecei a aplicar 54 provas com 45 questões cada voltadas para o exame”, afirma. Para o coordenador de ensino médio do Colégio Boa Viagem, Hermani Araújo, a tendência é positiva. “Muitas escolas já trabalham com ênfase no Enem há um tempo. Encaro de forma positiva para os alunos”.
Como funciona o Sisu
1. Enem
Antes: A primeira fase do vestibular da UFPE correspondia ao Exame Nacional do Ensino Médio. A pontuação obtida na redação do Enem também era usada para compôr a nota da segunda fase
Agora: Candidatos que fazem o Enem e alcançam nota superior a zero na redação podem concorrer. A UFPE pode adotar notas mínimas para inscrição em determinados cursos. Caso o candidato não tenha pontuação necessária, o sistema emite uma mensagem informando
2. A seleção
Antes: Além do Enem, o candidato precisava fazer as provas de segunda fase, com questões de V ou F. A segunda etapa do processo seletivo era realizada pela Covest. Os candidatos faziam duas questões discursivas de português 1 além de duas provas de matérias específicas, que variavam de acordo com o curso escolhido
Agora: O Sisu seleciona automaticamente os candidatos com melhor classificação em cada curso, de acordo com as notas no Enem e possíveis ponderações, como pesos atribuídos às notas ou bônus. Os candidatos são selecionados dentro do número de vagas ofertadas em cada curso e por modalidade de concorrência
3. O resultado
Antes: Depois de fazer o Enem e as provas da segunda fase da UFPE, os candidatos esperavam cerca de um mês para saber se tinham sido aprovados. A relação de candidatos aprovados era afixada na sede da Covest, no Derby, e divulgada na internet.
Agora: O estudante pode consultar a classificação parcial, calculada a partir das notas dos candidatos inscritos na mesma opção de curso e instituição. São quatro dias para efetuar a inscrição. Três dias depois, o Sisu divulga a lista de selecionados