Ângelo vem do berço do Professor Arlindo

Do Blog do Magno

Num curto vídeo enviado, ontem, com exclusividade para este blog, o prefeito de Sertânia, Ângelo Ferreira (PSB), descartou qualquer outro motivo para a facada que levou do comerciante Nelson do Consórcio, na tarde da última quinta-feira, se não o da intolerância política. Por tudo que já levantei sobre o crime – uma tentativa de homicídio – o gestor não finge, fala a verdade.

Ângelo, de 71 anos, vem de uma família cristã, decente e reverenciada pela população de Sertânia, que fica a 313 km do Recife, no Sertão do Moxotó. Conheci o seu pai, Arlindo Ferreira, que foi prefeito do município. Criou seus nove filhos – oito homens e uma mulher – na liturgia da palavra cristã. Admirável ser humano, simples, educado. Nasceu deficiente dos dois pés, andava com dificuldades.

Mas nada abalava a sua alegria de viver, a fé e a enorme capacidade de transformar sonhos em realidade. Ângelo, o primogênito, que continuou o legado do pai na política, não poderia ser diferente. Cresceu com o pai dizendo que educação vem do berço. O berço de Ângelo, portanto, não vem dos bancos das universidades, mas da boa herança do saudoso professor Arlindo.

Um pai bondoso, diga-se de passagem. E paciente também. Dizia que a educação era o maior legado que um pai poderia deixar ao filho. O outro seria a oportunidade de adquirir conhecimento, e isto Ângelo teve nos bancos universitários, largando um pouco seu berço natal para cursar Veterinária na Faculdade Federal de Pernambuco, deixando o pai mais orgulhoso e feliz.

O que aconteceu na fatídica tarde da última quinta-feira, antes de o sol se pôr para a lua clarear mais uma noite poética em Sertânia, terra que Pinto do Monteiro escolheu para viver a maturidade, agarrado a sua viola, foi simplesmente o inconformismo de um cidadão, pai de família, comerciante conhecido entre os seus conterrâneos, com a forma de Ângelo governar e fazer política. Nada além disso!

Diferente do seu agressor, Ângelo aprendeu com o Professor Arlindo, seu pai e mestre dos mestres, que a intolerância só se justifica na luta contra a corrupção, contra a violência, contra tudo que atenta contra a vida humana. E que a intolerância política é uma arma impotente e desestabilizadora. A mente de um fanático, como o agressor de Ângelo Ferreira, é como a pupila do olho: quanto mais luz incide sobre ela, mais se contrai.