O clima chuvoso que se espera na região de Surubim, no Agreste de Pernambuco, chegou. Mas o que poderia significar alívio, na verdade acendeu um alerta. A dúvida é se a estrutura da barragem de Jucazinho aguentaria reter uma boa quantidade de água depois de entrar em colapso, em 2016.
Dos 327 milhões de m³ de água que o reservatório pode armazenar, restam pouco mais de 3%. Ou seja, está quase voltando ao volume morto. Dezenas de peixes mortos se acumulam às margens da barragem. Uma situação que preocupa tanto quanto a falta de obras no paredão da barragem.
Jucazinho é o maior reservatório para abastecimento humano do Agreste, e o terceiro maior de todo o estado. De acordo com um relatório sobre segurança em barragens, divulgado no fim de novembro de 2018 pela Agência Nacional de Águas (ANA), problemas estruturais foram identificados no local.
Conforme consta no documento, entre os problemas estruturais identificados, foram observadas fissuras nos vertedouros laterais e nas ombreiras, e a bacia de dissipação não seriam capazes de sustentar a vazão de água do rio.
A expectativa dos moradores da região é que as obras sejam concluídas e a barragem volte a ter segurança para operar. “Que dá medo, dá viu? Do que jeito que está aí, oferece risco. Agora, no momento, não, porque não está cheia. Mas com a chegada do inverno, pode ficar pior”, disse Zenildo Cabral, que trabalha há mais de 20 anos em um bar que fica próximo de Jucazinho.
Para o corpo técnico do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), em um cenário de rompimento em jucazinho, o estrago poderia ser grande. Caso estivesse com o reservatório cheio, atingiria comunidades próximas como Xéu, Malhadinha e Salgadinho, além de que poderia se estender até o Recife.
O relatório da ANA aindaapontou que o Dnocs não tem um plano de ação de emergência para o caso de uma possível tragédia e que a situação de risco da barragem já é conhecida pela diretoria geral desde 2004. Órgãos ligados ao Governo de Pernambuco também estão cientes da situação.
Obras
Em 2016, o Governo Federal, durante a gestão de Michel Temer, prometeu soluções. Um total de R$ 12 milhões seriam investidos. A previsão é de que as obras fossem entregues em junho de 2017, mas não há nada sendo feito no local atualmente.
Na área onde seria feito uma espécie de tobogã para diminuir o impacto da água no solo no caso da barragem transbordar, tem apenas a estrutura formada por ferros.
Sobre o motivo da paralisação das obras, o presidente da Comissão de Fiscalização das Obras de Recuperação da Barragem Jucazinho, Jackson Carvalho, explicou que alguns reparos foram feitos, mas a segunda etapa da obra que, segundo ele, começou em junho de 2018 e serviria pra dar segurança na hora em que a barragem verter, foi paralisada por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU).
Por meio de nota, o TCE informou que o assunto foi discutido em uma sessão plenária no último dia 23 de janeiro, e que a medida cautelar que suspendia a obra foi revogada. Sendo assim, o Tribunal autorizou a retomada das obras.
Depois de tomar conhecimento da decisão do TCU, o engenheiro Jackson Carvalho destacou que a construtora vai retornar imediatamente a obra e que será feito um cronograma para conclusão até julho de 2019.
Informações: G1