Começou nesta terça-feira (20) o desligamento provisório do sistema do eixo leste do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. A informação foi divulgada pelo Ministério da Integração, após recomendação do Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB).
Segundo o Ministério da Integração, o desligamento é gradativo e vai ser finalizado antes do início das obras dos açudes Poções e Camalaú, que estão previstas para serem retomadas no próximo dia 2 de abril.
A pasta garantiu que o açude Epitácio Pessoa, conhecido como Boqueirão – que abastece Campina Grande e região -, já atingiu “tranquilidade hídrica”, ou seja, o volume de água armazenada é suficiente e não prejudicará ao abastecimento de água da população da região em pelo menos 10 meses.
A previsão do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) é de que as obras em Poções e Camalaú sejam entregues em, no máximo, 4 meses, possibilitando a retomada do bombeamento da água no eixo leste da transposição.
Entenda o desligamento
No período em que os municípios abastecidos pelo açude Boqueirão estavam na iminência do colapso total de água, o Dnocs encontrou como solução imediata a execução de um canal escavado através dos vertedouros das barragens Poções e Camalaú, permitindo assim a passagem das águas do Rio São Francisco para Boqueirão em caráter provisório e emergencial.
Porém, de acordo com a coordenadora do grupo de trabalho da transposição do rio São Francisco na Paraíba, a procuradora Janaína Andrade, se os órgãos gestores da transposição pretendem garantir o fornecimento de água com segurança para as cidades, é indispensável a conclusão das obras nos açudes Poções e Camalaú.
Ainda conforme a coordenadora, “concluídas as tomadas de água complementar desses açudes, será possível verter para o rio Paraíba não somente as águas transpostas mas também as águas das chuvas, que podem ser armazenadas nessas duas barragens. Assim, o MPF não pode admitir que os municípios que integram o eixo leste da transposição dependam unicamente de um bombeamento artificial sem uma reserva hídrica”.
O MPF em Monteiro entende que toda água advinda das chuvas até então escoou pelos ‘rasgos’ dos dois açudes, se dirigindo para Boqueirão. Mantida essa situação, haverá mais prejuízos às populações de cidades como Monteiro, Sumé, Congo, São João do Cariri.
Em uma reunião, representantes do Dnocs, Agência Nacional das Águas (ANA), Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), além de membros da Secretaria de Recursos Hídricos da Paraíba, Ministério da Integração, Ministério Público Estadual (MPPB) e Ministério Público Federal (MPF) acordaram que o desligamento era necessário para a retomada das obras. Também estiveram na reunião representantes do Comitê de Bacia do Rio Paraíba, da Advocacia-Geral da União (AGU) e Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
Foto: Cariri Ligado