A readequação nos custos com a logística da Petrobras pode ser a causa dos constantes desabastecimentos nos postos do Norte e Nordeste. Antes, o problema era restrito à Rede BR, mas agora atinge todas as distribuidoras. Em Pernambuco, os estabelecimentos comerciais só estão recebendo metade do volume consumido por dia. A situação começou a ser percebida em outubro, quando a Petrobras reduziu de quatro para apenas duas vezes ao mês o abastecimento por cabotagem (viamarítima), como intuito de economizar US$ 1,6 bilhão os custos com logística nos próximos quatro anos. Entretanto, nos últimos meses, o Norte e Nordeste do País registraram consumo recorde de gasolina – em 2012 foram consumidos 36 bilhões de litros. O resultado da demanda maior que a oferta não poderia ser outro: as regiões estão sofrendo racionamento do combustível.
“Contratualmente, temos que receber dez mil litros de gasolina por dia, mas por causa disso as distribuidoras só estão enviando cinco mil litros para poder atender à necessidade de todos os postos”, disse umproprietário das bandeiras BR e Ipiranga no Estado, que preferiu falar em reserva por receio de represália.
De acordo como presidente do Sindicato dos Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), Fernando Cavalcanti, cada navio da Petrobras traz uma cota de gasolina, estimada em 16 milhões de litros, para suprir a demanda contratual de cada distribuidora. Diariamente, o Estado consome 3,6 milhões de litros de gasolina. “O volume que chega só abastece Pernambuco por quatro dias”, alertou Cavalcanti, complementando que “a quantidade é pouca, então se tem a necessidade de racionalizar para não faltar emumposto e ter apenas em outro”.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sidicom), que representa 65% do mercado do Estado, informou que tem feito reuniões diárias coma Petrobras para acompanhar a programação de navios e de estoques das distribuidoras associadas. Além disso, para minimizar a pressão em Suape, “está sendo feita a liberação de produto adicional na Bahia para transferência rodoviária e atendimento a Alagoas e parte de Pernambuco”.
A Petrobras, a partir da assessoria de Imprensa, disse que já estaria atracada, no Porto de Suape, uma “embarcação com carga de gasolina para o suprimento do polo”. Todavia, no fimda tarde de ontem, o próprio terminal marítimo não confirmou a informação, dizendo que os dois navios da estatal que se encontravam atracados estão carregados comdiesel e etanol, e não gasolina.
A reportagem da Folha de Pernambuco contestou a Petrobras sobre o assunto, que não quis comentar o caso. Tambémpor meio de nota oficial, a empresa informou que “não houve alteração na logística de suprimento de gasolina acordada com os seus clientes”, mas não justificou o porquê de estar faltando gasolina, se não houve mudança no processo.