A cada eleição, o combate à corrupção mobiliza instituições, que tentam introduzir o tema na pauta da disputa.
Nesta semana, a OAB, que desenvolve campanha em todo o país, recebeu, em Pernambuco, o apoio da Arquidiocese de Olinda e Recife.
Tudo muito acertado e louvável.
Acontece que para além daquilo que se classifica de corrupção – desonestidade atestada por descumprimento de leis, abuso de poder econômico, uso eleitoral da máquina estatal, entre outras práticas – uma engrenagem que garante, dentro de normas legais, vantagens a quem ocupa cargos públicos precisa também ser debatida.
A permissão que deputados estaduais de Pernambuco têm de destinar milhões para “atividades culturais” por meio de emendas, por exemplo, carece de revisão.
Helder Tavares/DP/D.A Press
Não é correto o contribuinte bancar uma realidade que tem por trás, na maioria dos casos, interesses eleitoreiros.
Ao garantir dinheiro público para o pagamento de shows musicais – independentemente do estilo da atração contratada – o deputado não só ajuda a movimentar eventos pelo interior.
Contribui também para que prefeitos ganhem a conveniente marca de “bons de festas”, o que fatalmente reflete nas urnas.
Como gratidão, os gestores, naturalmente, tendem a retribuir trabalhando em prol dos que “ajudaram” o seu município. Ou seja, politicagem bancada com dinheiro do cidadão ou, como diz a sabedoria popular, caridade feita com chapéu alheio.
E olha que estamos falando de muito dinheiro. Nada menos que R$ 19,3 milhões, só no primeiro semestre deste ano.
Tudo perfeitamente legal, mas de moralidade bem duvidosa.
Essa é a função do Legislativo… Governar em causa própria. Provem o contrário…
Fiquei feliz, mas não surpreso, por NÃO ver o nome de Ângelo Ferreira nesta lista de deputados que utilizam dinheiro do povo para bancar shows de artistas com qualidade, muitas vezes, duvidosas. Enquanto as cidades beneficiadas precisam dos mais básicos serviços. Isso é uma vergonha