O epidemiologista e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Oliveira, afirmou nesta sexta-feira (30) que vem analisando o desenho da pandemia da covid-19 em Pernambuco. Segundo ele, Pernambuco deve apresentar uma alta no número de pessoas infectadas pela doença. O Recife, por exemplo, vem vivendo o que foi chamado pela secretaria de Saúde de “flutuação” no número de casos. Mas hospitais particulares e médicos vem relatando ao menos há uma semana uma sensação de aumento no número de internamentos, tendo inclusive que abrir novos leitos de covid-19. Além disso, foram observados mais chamados no Samu na última segunda-feira (26).
“Daqui a três semanas deve ter possivelmente um novo aumento, porque ocorre em características locais que apresentam esse padrão”, declarou. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) ratifica que esse possível aumento, de acordo com os dados de anos anteriores, está ligado às infecções respiratórias por diversos agentes. Em geral, no Brasil, as infecções por vírus respiratórios ocorrem com maior frequência no primeiro semestre do ano, mas a SES informou que, considerando o mês de novembro em Pernambuco, houve sazonalidade de adenovírus em 2017; de influenza B em 2018; de influenza B e metapneumovírus em 2019. O ex-secretário disse, durante entrevista, que também tem analisado os dados do Brasil e do mundo.
Mesmo o Estado tendo apresentado uma tendência de alta nos últimos dias, o epidemiologista disse que Pernambuco, no geral, continua em fase de desaceleração da covid-19. Para ele, os indicadores mostram uma redução nos casos, no entanto, pequenas oscilações em algumas semanas são esperadas.
Segundo Oliveira, na semana epidemiológica 30, em meados de julho, Pernambuco apresentava 83 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, o número está em 13 por 100 mil. Isso significa uma redução de 83%. Já com relação aos casos graves, o epidemiologista informa que a queda foi de 93% e nos óbitos, 95%, na comparação do mesmo período.
Apesar da situação atual não ser alarmante, o especialista se preocupa com o fato das pessoas estarem relaxando nas medidas de prevenção. “O fato de termos uma redução no número de casos não significa que a gente possa deixar de usar máscara, evitar de fazer aglomerações. Temos que manter todos os procedimentos e os cuidados que a gente vinha tomando desde o início da pandemia”, comentou.
Sobre uma segunda onda da pandemia na Europa, o ex-secretário afirmou que o aumento de casos é esperado para este período, visto que, com o clima mais frio as pessoas acabam ficando mais próximas. Para o secretário estadual de Saúde, André Longo, também não é o momento de falar sobre uma segunda onda.
“Não há o que falar ainda sobre uma segunda onda. Dessa forma, não podemos tomar medidas por essa impressão. Precisamos a ter confirmação de tendências em períodos maiores. Nunca analisamos um único número e nem uma única semana. Temos um conjunto de indicadores que são avaliados”, declarou o secretário.
Feriados prolongados
De acordo com André Longo, os relatos, nos últimos dias, o aumento de casos respiratórios leves em Pernambuco foram motivados por diversas doenças, foi provocado, provavelmente, por causa das aglomerações e falta de cuidados no feriado prolongado de 12 de outubro.
“Este processo de retomada a uma normalidade possível não pode fazer com que as pessoas baixem a guarda: a falsa sensação de que tudo está normal não pode nos trazer o sentimento de que a pandemia acabou. Pelo contrário, para não perder o que conquistamos, precisamos da consciência de todos”, disse.
Além disso, André Longo também pediu para que a população adote posturas de proteção durante o feriadão do dia 2 de novembro. “Estamos às vésperas de um novo feriado prolongado. Nos anteriores, tivemos muitas cenas de descumprimento das normas, com pessoas abdicando do uso de máscaras e grandes aglomerações”, falou.
Para ele, a recorrência de atitudes que propiciam a contaminação podem trazer consequências negativas. “Por isso, é importante que as pessoas continuem se protegendo, usando máscara corretamente, lavando as mãos com frequência e respeitando o distanciamento social, evitando as aglomerações. Nós não queremos retornar ao período em que mais restrições precisaram ser feitas”, finalizou.