Especialista ressalta a importância de superar as dificuldades para oferecer ensino superior de qualidade no Estado

Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 2012 aponta o Brasil na 38ª posição do ranking de alfabetização e aprovação escolar, e recentemente um novo estudo indica que ficamos na 56ª posição entre os 148 países avaliados, atrás de outros latinos como Chile (34ª), Panamá (40ª), Costa Rica (54ª) e México (55ª). Estas avaliações destacam que cerca de metade do crescimento de países desenvolvidos se deu graças à melhor capacitação de suas populações. E, por consequência, é preciso melhorar o acesso à educação de qualidade, ao mesmo tempo em que deve resolver gargalos de infraestrutura e formação dos trabalhadores para melhorar a produtividade do país. “A dinâmica e a velocidade cada vez maior das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade moderna, nos leva a reflexão sobre a educação na atualidade, sobretudo, a educação superior”, comenta professor e ex-diretor da FOP/ UPE, Belmiro Vasconcelos, que atua como docente há 25 anos.

Depois da apresentação dos recentes estudos, o Governo Federal, inclusive, anunciou investimentos perto de R$ 1 trilhão em educação nos próximos 35 anos. A previsão otimista representa os anseios de mudar o quadro em que o país se encontra no país que é reflexo de um problema que não se concentra no ensino básico, mas se estende ao universitário. A má formação dos estudantes no fundamental e médio, confirmado já em 2012 pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), reforçou que a fragilidade de um tem repercussões extremamente negativas no outro.  “O sistema de educação superior enfrenta graves problemas que precisam de soluções inteligentes e viáveis, esse modelo fragmentado, feito como uma linha de montagem com centros de saber separados uns dos outros, que vive isolada e se recusa a ler o presente mostra a necessidade de uma reflexão. Isso é grave, pois, é da universidade que saem os profissionais que vão atuar em todos os segmentos sociais”, ressalta Vasconcelos.

E a preocupação dele não é para menos, apesar de dados mais recentes do Censo da Educação Superior 2012 apontarem que dobrou nos últimos dez anos o número de matrículas em instituições de educação superior no Brasil. Este número passou de 3,5 milhões para mais de 7 milhões de alunos nas universidades, faculdades e institutos. Os índices apresentados Ministério da Educação no segundo semestre de 2013, com base em levantamento do Inep, revelam que houve crescimento de 4,4% nas matrículas, dos quais 1.087.413 nas instituições públicas, enquanto na rede privada chegaram a 5.140.312. Contudo, é preciso ter cuidado com o resultado desse incremento, que pode ser prejudicada se a estrutura como um todo não estiver preparada para tal. “Ensinar por ensinar é mecanizar e desumanizar o processo educativo, que é fundamental para o desenvolvimento de uma nação”, comenta o professor Belmiro Vasconcelos.

Em missão para tornar o repasse de conhecimento como uma prerrogativa dentro do cenário universitário, o especialista, que ainda é cirurgião dentista e traumatologista bucomaxilar, divide-se entre agenda de consultoria, a sala de aula e os processos de acompanhamento de pesquisa e orientação de alunos por acreditar que este é o caminho natural e obrigatório para contribuir para a melhoria do ensino. “Sempre tive como finalidade maior da minha profissão como docente lapidar cada aprendiz, procurando despertar em cada um, a busca pelo conhecimento, permeada pela experiência total, diretiva, política, ideológica, pedagógica, critica e ética. Sem esses atributos o espaço pedagógico perde o seu sentido e finalidade”, destaca ele, que acredita que a práxis docente está respaldada na responsabilidade, consciência, ética, criticidade e, sobretudo no trabalho árduo diário para a construção de um conhecimento sempre baseado em evidências científicas e voltado às necessidades de saúde da sociedade.

Um assunto que acha delicado e relevante colocar em questão uma vez que está envolvido com uma das mais fortes instituições de ensino superior do Estado, a Universidade de Pernambuco, que está presente na forma de complexo multicampi em diversas regiões do estado como Nazaré da Mata, Caruaru e Garanhuns. Além de desenvolver o processo de ensino e aprendizagem aliando a teoria à prática para os alunos da entidade, a UPE também mantém três grandes hospitais que promovem atendimento à população e a assistência médica em algumas de suas unidades.

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