JUNTA MILITAR E AGORA JUNTA FAMILIAR

Edilson Xavier*

Na fase mais dura do regime militar, em 1968, quando foi implantado o Ato Institucional nº 5, o general Costa e Silva sofreu um derrame cerebral, hoje AVC, e o vice-presidente Pedro Aleixo, que era civil e democrata foi impedido de exercer o cargo. Assumiram a presidência da República os três ministros militares: do Exército Aurélio de Lira Tavares , da Aeronáutica, Márcio de Souza Alves e o da Marinha Augusto Grunehold Rademacker.

Era a Junta Militar à época em  que passou a “governar” o país até a indicação do novo general de plantão Emílio Garrastazu Médici para Presidente da República. Fomos governados então por uma Junta Militar que pintou e bordou no país, ante uma severa censura. Agora, em pleno regime democrático vivemos uma situação curiosa: elegemos um presidente que nos vendeu gato por lebre, quando prometeu governar, e sequer chefia os destinos do país ao permitir que uma junta, dessa vez,  de caráter familiar, exerça de fato o poder.

É fácil entender: o presidente Bolsonaro foi eleito para governar o Brasil, como determina o ordenamento jurídico e democrático, mas abdicou dessa missão importante, ao permitir que seus três filhos, que formam uma Junta Familiar, na realidade, governem o país, o que constitui inegavelmente um grave retrocesso, pois é de clareza solar que essa Junta Familiar tem influência direta nas decisões no governo. E o pior dos três filhos, o vereador Carlos, do Rio de Janeiro, (tinha que ser do Rio) chegou à petulância de desmoralizar um ministro de Estado, sob o apoio expresso do Presidente. É o mesmo que no dia da posse, quando estava no carro presidencial sentado na parte traseira do veiculo que conduzia o presidente, e colocou os pés no banco do couro no Rolls-Royce presidencial, numa postura desrespeitosa com a liturgia do momento e demonstra à exaustão uma boçalidade sem limites, que deixou o país perplexo.

O Brasil está mais uma vez sob o comando de uma Junta dessa vez, familiar. Ninguém merece um espetáculo tão deprimente, que se submete às decisões patéticas.

Edilson Xavier foi presidente da OAB e da Câmara Municipal de Arcoverde.

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