O presidente da Câmara dos Deputados e sucessor imediato à Presidência, Rodrigo Maia (DEM-RJ) passou o último domingo (9) imerso em articulações. Às vésperas de uma semana decisiva para o governo Temer, traçou a diversos interlocutores um cenário em que trata a queda do presidente Michel Temer (PMDB) como irremediável.
Um dos deputados que estavam no encontro contou que, em tom sóbrio, Maia reproduziu a alguns dos presentes o diagnóstico que disse ter feito, horas antes, ao próprio Temer, no Palácio do Jaburu. Segundo este interlocutor, o presidente da Câmara afirmou ter dito a Temer que ele poderá sobreviver à votação, no plenário da Casa, da primeira denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas que certamente sucumbiria quando a segunda acusação chegasse à Câmara.
A avaliação de Maia é que o resultado da primeira votação influenciará diretamente a segunda, visto que seria difícil os deputados da base se desgastarem duas vezes em defesa de Temer. Outro ponto relevante é que Maia queixou-se de ministros e aliados do presidente, que vêm questionando a sua lealdade.
Após encontro com Temer, o presidente da Câmara almoçou com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet, e outros parlamentares na casa de Tonet. Entre eles, os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Heráclito Fortes (PSB-PI) e o ministro Fernando Filho (Minas e Energia/PSB). Ao final, Heráclito despistou, dizendo que o encontro estava “marcado há mais de um mês” e que “não teve nada de conspiração”.
Pouco depois, o Maia teria telefonado a alguns deputados, ministros e líderes de partido, convidando-os para comer em sua residência oficial, assim que saíssem de uma reunião com Temer no Alvorada. Em sua casa, o democrata falou sobre a conversa com o presidente mais cedo, relatou seu almoço com a direção da emissora e vaticinou o fim do atual governo.
Na reunião, estariam presentes os ministros Antonio Imbassahy (Governo/PSDB) e Moreira Franco (Secretaria-Geral/PMDB), além dos deputados Benito, Heráclito e dos líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE). Parlamentares que participaram do encontro deixaram o local afirmando que o clima não estava bom para Temer e que a relação de Maia com o Planalto azedou. Procurado, Maia não quis comentar as reuniões.