Da profunda reclusão desde que se desfiliou do PT e renunciou ao mandato de deputado federal, Maurício Rands voltou, esta semana, a figurar no centro das atenções da política local. Ele desembarcou no Recife, vindo da República do Chade, na África, na noite da última quarta-feira (2). Contactado pelo JC, o irmão Alexandre Rands disse que ele veio atendendo um chamado do governador Eduardo Campos (PSB) para prestigiar o ingresso de “várias pessoas do PT” ao ninho socialista.
Alexandre Rands não soube precisar com certeza quem eram essas pessoas, mas citou Isaltino Nascimento – “ele não confirmou que saiu do PT, não é?” – e os vereadores do Recife Jurandir Liberal e Luiz Eustáquio – “que eram do grupo político dele no PT”. O JC conseguiu contato apenas com Jurandir, que negou veementemente a saída do partido. “Quem disse isso? De jeito nenhum. Há dois meses que não falo com Rands. Passei a tarde de hoje (ontem) na Câmara, inclusive”, disparou.
Antes mesmo de pisar em solo recifense, já circulava nos bastidores que Maurício Rands aceitou voltar com o acerto de se filiar ao PSB, colocando seu nome à disposição do líder socialista para a sucessão estadual. Nome de confiança do governador e primo da primeira-dama Renata Campos, Rands aliaria o perfil técnico ao do político. Alexandre, porém, negou, lembrando que o irmão tomou a decisão de sair da política há mais de um ano, depois de perder a prévia petista à Prefeitura do Recife. “É só especulação”, assegurou. “Inclusive ele tem que estar de volta ao Chade dia nove. Então deve estar saindo do Recife entre os dias sete e oito”, completou.
Alexandre Rands não soube informar também com precisão quando seria o ato de filiação dos petistas. “Cheguei hoje (ontem) aqui, não falei com ele mais”, disse. O JC encontrou, por telefone, a mulher de Rands, Patrícia, que confirmou que o marido estava em reunião do “partido”, sem adentrar no detalhe se seria com os aliados petistas. Sem um número de telefone local, segundo afirmou Patrícia, a sua presença no Recife segue com aura de mistério.
Rands vive atualmente na ponte aérea entre a Holanda, país onde mora, e a África. Ele advoga para o grupo Petra Energia Internacional, que no Brasil é controlado pelo pernambucano Roberto Viana. Quando resolveu abandonar a carreira política, fez um extenso desabafo em nota de três páginas, divulgada no dia 3 de julho de 2012. Creditou a sua desistência por uma renovação do PT à direção nacional, que tratou por “autoritária e burocrática”, e distante da militância.
JC