Sertânia: Ministério Público emite parecer favorável a cassação de Pollyanna Abreu por abuso de poder econômico

O Ministério Público Eleitoral de Pernambuco (MPPE) apresentou, nesta terça-feira (12), através da Promotora de Justiça Eleitoral Raissa de Oliveira, parecer pela condenação da prefeita eleita de Sertânia, Pollyanna Abreu, e sua vice, Tereza Raquel, em ação que pede cassação da chapa por abuso de poder econômico durante as eleições municipais deste ano.

Além de Pollyanna Abreu, e sua vice, Tereza Raquel, tiveram pedidos de condenação o vereador eleito Dorgival Rodrigues (Dóia) e o candidato a vereador Gustavo Menezes.

CONFIRA O PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela Coligação Frente Popular de Sertânia,, registrada sob o número 0600173-63.2024.6.17.0062, acusa Polyanna Abreu de ter se beneficiado de práticas irregulares durante o período de campanha eleitoral, incluindo o uso de sua empresa, PBA Transportes, para obter vantagens eleitorais.

Segundo a denúncia, Pollyanna Abreu teria patrocinado eventos com distribuição de brindes, executado serviços de infraestrutura em benefício de eleitores e utilizado veículos da PBA Transportes em carreatas. Além disso, a campanha teria veiculado anúncios na Rádio Sertânia FM que mencionavam frequentemente o nome da candidata, o que, segundo a acusação, configuraria propaganda disfarçada.

A ação alega que esses benefícios foram estendidos também a outros candidatos a vereador apoiados por Abreu, incluindo Dóia e Gustavo, que teriam se favorecido das práticas relatadas.

Após avaliar provas e depoimentos colhidos, o Ministério Público Eleitoral concluiu que não há evidências suficientes para a responsabilização de alguns envolvidos, como Galba Pereira de Siqueira, Cícero Edvandro de Melo e José Audo da Silva. No entanto, o MP identificou fortes indícios de abuso de poder econômico envolvendo Pollyanna Abreu, Tereza Raquel e os candidatos Dorgival Rodrigues e Gustavo Menezes.

Entre as provas destacadas pelo MP, está o depoimento de Cândido José, que mencionou um esquema de troca de favores por meio de serviços oferecidos pela PBA Transportes em troca de apoio eleitoral. Também foram levantadas suspeitas sobre a realização de melhorias em estradas da região em ano eleitoral, sob gestão da empresa de Pollyanna Abreu, o que levantou questionamentos quanto ao possível favorecimento de eleitores. Além disso, o patrocínio de eventos e distribuição de brindes foram apontados como tentativas de angariar votos, desequilibrando o pleito.

Outro ponto central na acusação envolve os anúncios diários da empresa de Pollyanna Abreu na Rádio Sertânia FM. O Ministério Público considerou que as constantes menções ao nome da candidata configuram uma estratégia de promoção pessoal, ultrapassando os limites da propaganda eleitoral permitida.

Houve, no entender do Ministério Público, a prática de atos comprometedores da lisura do pleito eleitoral e, em decorrência, outro caminho não há que o reconhecimento do abuso de poder econômico conforme apontado nas provas apresentadas.

Diante das evidências apresentadas, o Ministério Público Eleitoral solicitou a condenação de Pollyanna Abreu, Tereza Raquel, Dorgival Rodrigues e Gustavo Menezes por abuso de poder econômico, com a aplicação das penalidades cabíveis. A ação segue para o juiz eleitoral de Sertânia, que irá avaliar as provas apresentadas e a apresentar a sua decisão.

Confira alguns trechos da sentença:

Ora, a despeito das alegações apresentadas por ambas e da tentativa de descredibilizar as provas amealhadas
aos autos, o que se viu, inclusive, após a realização de audiência de instrução, foi uma sucessão de atos
flagrantemente atentatórios a lisura do equilíbrio do pleito eleitoral mediante o abuso do poder econômico,
valendo-se a Sra. Pollyanna Abreu de sua empresa, a PBA TRANSPORTES, para angariar votos na cidade
de Sertânia/PE favorecendo eleitores.”

Ora, claro que o uso dos carros da empresa PBA TRANSPORTES em carreatas não configurou gasto
eleitoral para transporte/deslocamento da candidata. O seu uso foi mais uma forma de burlar a lisura do
pleito eleitoral mediante o abuso do poder econômico e transportando eleitores.

A ré Pollyanna Abreu, sob o pretexto de se valer de um instrumento lícito de propaganda, subverteu o seu
uso para fins eleitorais de forma muito clara, ainda que sem pedido explícito de votos, mediante a veiculação
de informações sobre SUA empresa, de SUA propriedade, cujos benefícios são associação a SUA pessoa
enquanto proprietária, porque é evidente que, neste ano eleitoral, aquela propaganda teve um efeito prático
eleitoreiro totalmente em SEU favor.

É gritante a intenção de se utilizar de todos os meios possíveis para benefício eleitoral pela ré e em razão da
amplitude de possibilidades de controle e poder que o dinheiro proporciona.

Com toda a vênia, não é razoável que se permita que uma candidata possa, sob o argumento de que é
empresária e que precisa manter sua empresa em funcionamento, usar a sua empresa e os recursos
financeiros dela decorrentes, para comprometer a lisura e o equilíbrio do pleito eleitoral.

Do candidato que pretende concorrer as eleições, sejam elas majoritárias ou proporcionais, espera-se que
haja com respeito ao pleito eleitoral, que tenha consciência dos seus atos e dos limites de seu agir, bem
assim que saiba que determinados comportamentos abusivos de poder (político ou econômico) tem efeitos
diretos no eleitorado.

É muito lógico, mais uma vez usando esta palavra, que a presença de máquinas da empresa da ré Pollyanna
Abreu realizando serviços de melhoria em estradas na cidade de Sertânia/PE, que o patrocínio de eventos
tradicionais pela empresa da ré Pollyanna Abreu na cidade de Sertânia/PE, que a distribuição de brindes com
a logomarca da empresa da ré Pollyanna Abreu na cidade de Sertânia/PE, que a veiculação de anúncios
diários em rádio local sobre o trabalho dito de excelência desenvolvido pela empresa de propriedade da ré
Pollyanna Abreu e mesmo o uso dos carros da empresa de Pollyanna Abreu em carreatas para transportar
eleitores são claros e flagrantes exemplos de como se manifesta um abuso de poder econômico visando
desequilibrar o pleito eleitoral.

Com informações do Blog do Nill Junior