Por: Ulysses Gadêlha
Herdeiro político e filho mais velho do ex-governador Eduardo Campos, o chefe de gabinete do governador Paulo Câmara (PSB), João Campos (PSB), 24 anos, ainda tem uma curta trajetória na política, mas conta com uma estrutura de candidato majoritário para concorrer ao seu primeiro cargo eletivo. Repetindo os passos das famílias Arraes e Campos, a postulação de João é trabalhada para ser a mais votada para a Câmara Federal em 2018. A expectativa é de que esteja próximo da marca dos 300 mil votos. Uma partida tão forte que, nos bastidores, começa a despertar “ciumeira” daqueles que ainda não aceitaram a concorrência e uma possível divisão das bases, principalmente na Frente Popular.
A candidatura de João chegou a ser cogitada em 2014, mas os socialistas e a mãe, Renata Campos, chegaram a um entendimento de que era preciso que ele concluísse o curso superior em engenharia. Sem o herdeiro natural da família, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e o ex-governador Eduardo Campos “deram a carga” na candidatura à Câmara Federal do atual secretário de Turismo, Felipe Carreras (PSB), que obteve 187 mil votos, tendo como principal base o Recife, onde desempenhou um papel de visibilidade. Havia um rumor de que Carreras até desistiria da eleição, para não competir com os votos de João, mas o secretário negou, alegando que a informação era “fogo amigo”.
Leia também:
Presidenciáveis de olho em Ana Arraes
Marília Arraes topa se candidatar em 2018
Três anos depois, acidente com Eduardo Campos tem impacto político em PE
Em 2010, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, foi campeã nas urnas, com 387 mil votos. Segundo o secretário-geral do PSB, Adilson Gomes, o filho de Eduardo Campos também deverá ser um fenômeno de votos, com representação eleitoral em todos os municípios do Estado. “A candidatura de João vai ser tipo majoritária, vai carregar o legado do pai e do avô (Miguel Arraes)”, pondera.
André Campos (PSB), que ocupou durante muito tempo a articulação do Palácio com a Assembleia Legislativa, sublinha a facilidade em se comunicar que João tem.
O deputado federal Danilo Cabral (PSB), que foi da cozinha de Eduardo, acredita que João chega perto dos 300 mil votos, já que em 2014 ninguém superou essa marca. Contudo, há muita cautela sobre a postulação de João Campos tanto no PSB, quanto no Palácio do Campo das Princesas. “O chefe de gabinete do governador, na hora em que ele começar a se mexer muito, vai criar muita ciumeira. Ele vai tá andando em município onde não tem ninguém fechado, a Frente Popular é ampla, tem que ter uma certa cautela”, avaliou Adilson Gomes.
Até agora, o chefe de gabinete de Paulo Câmara fecha com Simone Santana, Aluisio Lessa, Clodoaldo Magalhães, todos do PSB, e mais ligados à RMR e Zona da Mata. Todavia, na sexta, João visitou municípios do Sertão do Pajeú, como Tabira. “João não tem atitude de ser arrasa-quarteirão, de querer a todo custo os votos da avó e do pai. Agora, politicamente falando, é uma mercadoria fácil de vender, tem origem e tem linhagem, no melhor sentido da expressão”, analisa Tadeu Alencar.
Apesar dos apoios no Legislativo, o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), deverão ser os maiores cabos eleitorais de João Campos. A expectativa é que candidatos a deputado estadual deverão fechar chapas “dobradinhas” com ele em praticamente todos os municípios do Estado.