Uma nova arma contra as muriçocas já está pronta para ser testada nas ruas. Depois de oito anos de estudos, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) desenvolveu um inseticida biológico em forma de granulado que, em laboratório, demonstrou ser eficaz no controle do inseto. Além de evitar os incômodos e doenças causados pelos pernilongos, o produto não agride o meio ambiente nem a saúde do homem. Os testes em campo simulado e na Região Metropolitana e interior serão realizados nos próximos meses. A expectativa é de que, futuramente, ele seja distribuído com as comunidades que sofrem com a infestação constante, como as que habitam nas margens de canais e rios. Além, claro, de avançar nas pesquisas de combate ao mosquito da dengue.
Feito à base da bactéria Bacillus sphaericus, comum no solo e na água, o produto age no estágio larval da muriçoca. De acordo com a bióloga e coordenadora das pesquisas, Liane Maranhão, o material é colocado em reservatórios de água, principalmente suja, onde estarão as larvas. “A larva ingere o granulado e fica com infecção no intestino. O quadro evolui para infecção generalizada e a larva morre”, explicou. Segundo ela, o granulado é uma “evolução” do material produzido antes pelos biólogos do instituto. “A gente trabalhava com o caldo fermentado que também é feito à base da mesma bactéria e era eficaz, mas o granulado tem mais estabilidade, é mais concentrado e mais prático que o caldo. O caldo, por exemplo, precisava estar sempre em condição adequada de refrigeração, o que era difícil para algumas pessoas”.
Até o momento, todos os testes com o inseticida foram feitos no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, referência em filarioses. Os resultados mostraram-se eficazes e vão possibilitar muitos benefícios à população. Por ser um produto biológico, não gera toxidade ao homem nem ao meio ambiente.
De acordo com o presidente do IPA, Julio Zoé de Brito, a ideia é aperfeiçoar as pesquisas para o mosquito da dengue e produzir o inseticida em grande escala para disponibilizar para a população. Mas a intenção esbarra na falta de equipamentos. “A construção do laboratório está sendo concluído, mas ainda não temos os biorreatores. Precisamos de dois aparelhos com capacidade de 500 litros cada um. Eles vão possibilitar a ampliação dessa inovação tecnológica moderna que desenvolvemos”, disse Brito.