Queijarias socorrem produtores na crise, mas precisam se profissionalizar

Feira do queijo de Capoeira (Agreste de Pernambuco) / Heudes Regis/JC Imagem

No negócio do leite sempre existiu uma briga histórica entre industriais e queijeiros. Concorrentes na aquisição da matéria-prima, cada um desfia sua lista de argumentos na disputa pelo mercado. No meio dos dois está o produtor de leite, vivendo os altos e baixos da oferta e da demanda. O pecuarista quer vender a quem oferece o melhor preço, paga mais rápido e desburocratiza a compra (quesitos que dão vantagem às queijarias). Os industriais reclamam da clandestinidade, que isenta as queijarias dos encargos sociais e dos impostos, além de questionar a qualidade do produto.

“Essa discussão é antiga, mas quem vive da atividade sabe que as queijarias socorrem o produtor nos momentos de crise. Agora mesmo está sobrando leite no mercado, porque algumas indústrias estão em processo de recuperação industrial, e é o queijeiro quem está recebendo a maior parte da produção. O governo precisa estimular as queijarias artesanais e criar regras flexíveis para que a atividade se formalize e se qualifique”, defende o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Sinproleite-PE), Saulo Malta.

A Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) contabiliza 125 queijarias formalizadas no Estado e pelo menos 1.000 clandestinas. “É muito difícil fiscalizar, porque estamos falando de queijarias familiares, que funcionam nas cozinhas das casas. Também é preciso flexibilizar a legislação federal sobre alimentação no País, que é rígida com os pequenos e data de 1952”, defende a gerente-geral da Adagro, Erivânia Camelo. Segundo ela, nos últimos anos a Adagro vem tentando desenvolver algumas iniciativas para minimizar o problema. Uma delas foi criar um modelo de indústria de queijo menor, com processamento de até 500 litros de leite por dia. Antes, o menor modelo era para até mil litros/dia. Esse novo conceito simplifica as exigências impostas a uma indústria de maior porte.

A Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco (Sara) está tentando tirar do papel um programa de qualificação profissional para o setor. O titular da pasta, Aldo Santos, diz que a expectativa é treinar mil queijeiros, com previsão de iniciar os trabalhos no próximo mês. A proposta é orientar sobre procedimentos sanitários na ordenha e boas práticas de fabricação. “O início do programa está dependendo de uma licitação para selecionar a empresa que vai ministrar a qualificação”, diz Erivânia. Apelidado de “queijo de quintal”, o produto artesanal precisa de um upgrade na qualidade.

Nas cidades da bacia leiteira é comum encontrar as feiras do queijo, que devem ser fiscalizadas pela Vigilância Sanitária local. Caminhonetes de atravessadores de Recife, Olinda, Palmares, Vitória de Santo Antão e vários municípios se aglomeram no local para comprar queijo. Alguns produtores preferem se aventurar na comercialização individual. As condições de higiene são precárias. Na maioria das vezes o produto é acondicionado em caixas de plástico sem tampa e sem plástico para proteger o queijo. Os consumidores apertam o queijo com a mão para conferir a consistência. O Jornal do Commercio  esteve na feira de Capoeiras (Agreste), que acontece todas as sextas-feiras.

A presença da reportagem provoca desconfiança. A equipe chegou a ser abordada e hostilizada pelos vendedores preocupados com a câmera fotográfica.

Informações: NE10

Este post tem 2 comentários

  1. kalderon torres

    Para o diretor-presidente da Agraer, José Antônio Roldão, a pecuária leiteira é hoje, a principal atividade desenvolvida pelos agricultores familiares de Mato Grosso do Sul e é tratada como prioridade pelo governo do Estado. “Nosso objetivo é promover melhorias na cadeia produtiva do leite, de forma a intensificar a produção”, conclui Roldão.

    http://www.seprotur.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=118&id_comp=567&id_reg=102486&voltar=home&site_reg=118&id_comp_orig=567

    Segundo ele, nos grandes produtores e consumidores de leite e derivados de cabra do mundo, a exemplo de França e Espanha, o mercado se desenvolveu da mesma maneira: primeiro o leite, depois os derivados. E é também apostando nessa tendência que outras duas pequenas empresas estão ampliando suas instalações com vistas à produção de queijos e iogurtes: a Queijaria Escola de Nova Friburgo e a Capril Geneve, ambas do Rio de Janeiro.
    http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,1706846-1484-3,00.html

    MATÉRIAS ANTIGAS QUE MOSTRAM A PREOCUPAÇÃO QUE O CENTRO-SUL TEM COM SEUS PRODUTORES. NÃO ESPERAM PELO GOVERNO FEDERAL!

  2. kalderon torres

    Isso merecia uma apreciação da Assembleia, eles é quem decidem as leis do Estado. Candidato existem, até se reelegendo, mas não ha ação, apenas propaganda eleitoral!

Deixe um comentário