A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) divulgou a lista dos candidatos habilitados a concorrer ao Registro de Patrimônio Vivo do Estado. Para a habilitação, foi avaliada se a documentação entregue pelos candidatos estava completa e de acordo com o edital.
No total, foram registradas 62 inscrições e, dessas, 54 foram consideradas válidas. Entre os habilitados, encontram-se o artesão sertaniense Carlos Fernando Barbosa de Barros, que foi indicado pela Secretaria de Juventude, Esportes, Cultura e Turismo de Sertânia, o potencial do artesanato de Sertânia (e do Sr. Carlos artesão, como é conhecido) já ganha reconhecimento em vários países da Europa, sendo exportado para Portugal, Alemanha, França, entre outros que recebem as peças em madeira de umburana produzidas na capital do Moxotó, retratando retirantes, rezadeiras, vaqueiros, entre outros tipos da região. A conceituada revista de arte e literatura “Continente Multicultural”, do Recife, já dedicou um amplo ensaio sobre a obra de Carlos Fernando Barros, que vem a ser sobrinho do compositor e maestro Francisco Dias Araújo, o Francisquinho. O suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco estampou longa reportagem sob o título “Sertânia: terra das esculturas alongadas”, dando especial enfoque ao trabalho de Marcos Paulo e de outros artesãos do bairro Alto do Rio Branco, que por sua tradição de celeiro do artesanato figurativo, é chamado de “o Alto do Moura do Sertão”.
Agora, acontecerá uma avaliação pela Comissão de Análise, com posterior envio de todos os habilitados – incluindo os três selecionados por essa Comissão – para o Conselho Estadual de Cultura. “O Conselho irá eleger os novos três Patrimônios Vivos de Pernambuco que podem ser em acordo com os escolhidos pela Comissão ou não. O resultado deve sair entre dezembro e janeiro”, explica Janine Primo, coordenadora de Patrimônio Imaterial da Fundarpe.
A escolha de Sr. Carlos é o resultado desta efervescência artística que é geração de emprego e renda para jovens, com uma renda per capta com nenhuma atividade econômica em Sertânia. Só ateliê de Carlos Fernando, na Vila da Cohab, já chegou a empregar 13 jovens de uma só vez, tendo o artesanato como única fonte de renda. Quando algum deles se corta levemente, ainda como aprendiz, ele tranquiliza o garoto: “tem nada não, meu filho, é a arte entrando no sangue”, diz este artista que é uma mistura de gênio e louco, sendo que orgulha-se mais ainda se o chamarem por este último termo. É daqueles que, preocupado com o equilíbrio ambiental, procura aproveitar tudo que puder da madeira da natureza, sem desperdício. Para o Secretário de Cultura de Sertânia, Profº João Lúcio: “Sr. Carlos já é patrimônio de nossa terra, ele e todos os outros que fazem artesanato em Sertânia, Ivo, Marcos, Daniel, Jonas, já são genuínos representantes de nossa terra, de nossa cultura, essa escolha vem coroar a genialidade do nossos artistas”.
Todos os anos, o Governo do Estado, por meio da Fundarpe, concede o título vitalício de Patrimônio Vivo a três personalidades – físicas ou jurídicas – que contribuem significativamente para a cultura popular. Atualmente, Pernambuco conta com 29 patrimônios vivos. Mestre Salustiano, Ana das Carrancas e Canhoto da Paraíba – que também foram contemplados – faleceram em 2008 e Arlindo dos 8 Baixos – contemplado em 2012, faleceu no mês passado. Esses passam a ser considerados Patrimônios Vivos in memorian, em respeito às suas importâncias.
Com informações do sertaniananet.com.br