Desde que chegou ao poder, em maio de 2016, o presidente Michel Temer contou com o apoio dos mercados e de uma sólida maioria no Congresso, mas sua popularidade nunca decolou e sua gestão não conseguiu se descolar da sombra dos escândalos de corrupção.
– 2016
12 de maio: o então vice-presidente Michel Temer (PMDB/SP) assume a Presidência interinamente, depois de o Congresso ter aprovado o impeachment da presidente Dilma Rousseff por manipulação de contas públicas, as chamadas pedaladas fiscais.
13 de maio: Temer anuncia seu gabinete sob uma chuva de críticas por ser formado exclusivamente por homens brancos e por ter eliminado o Ministério da Cultura, decisão esta que foi revertida uma semana depois.
23 de maio: o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB/RR), perde o cargo após a divulgação de um vídeo, no qual sugere que o impeachment de Dilma permitiria deter as investigações da Operação Lava Jato, sobre o esquema de propinas na Petrobras. Será o primeiro de uma dezena de ministros e assessores de Temer direta, ou indiretamente, atingidos pelo caso.
25 de maio: outra gravação compromete o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL).
30 de maio: nova gravação leva à renúncia do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, por criticar a investigação sobre a Petrobras em conversas com Calheiros e com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da petroleira.
15 de junho: no âmbito de uma delação premiada, Sérgio Machado afirma que Temer lhe pediu pessoalmente recursos procedentes do esquema de propinas da Petrobras para financiar a campanha de um deputado federal à prefeitura de São Paulo em 2012. No dia seguinte, Temer diz que essa delação é “mentirosa e criminosa”.
16 de junho: o ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB/RN), renuncia ao cargo, após ser igualmente acusado de receber propina de Sérgio Machado.
31 de agosto: o Congresso vota pelo impeachment de Dilma. Temer assume a Presidência para completar o mandato até dezembro de 2018.
9 de setembro: Temer substitui o Advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, por Grace Maria Fernandes Mendonça, a primeira mulher de seu gabinete. Osório afirma que foi destituído por ter “contrariado muitos interesses” e denuncia o governo por tentar sufocar a “Lava Jato”.
19 de outubro: o ex-presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ), arquiteto do impeachment de Dilma, é detido. No fim de março de 2017, ele será condenado a 15 anos e 4 meses de prisão, no âmbito das investigações da ‘Lava Jato’.
18 de novembro: o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, renuncia ao cargo, alegando “motivos pessoais”. No dia seguinte, acusa o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB/BA), de tráfico de influência.
25 de novembro: Geddel Vieira Lima renuncia ao cargo.
27 de novembro: Temer afirma que, caso seja aprovada, vetará uma tentativa de membros do Congresso de acordar uma autoanistia por delitos de “Caixa 2” em campanhas eleitorais.
13 de dezembro: o Congresso aprova o congelamento de gastos públicos por 20 anos, a primeira das medidas impopulares de austeridade que Temer propõe para recuperar a confiança dos mercados e tirar o país da pior recessão de sua história.
– 2017
22 de fevereiro: o então ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB/SP), renuncia, alegando motivos de saúde. Ele é substituído por Aloysio Nunes (PSDB/SP).
14 de março: o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicita a abertura de 83 inquéritos contra políticos com foro privilegiado com base nas delações de 77 ex-executivos da Odebrecht no âmbito das investigações da ‘Lava Jato’.
11 de abril: o ministro Luis Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autoriza a Procuradoria-Geral da República (PGR) a abrir investigações sobre oito ministros, 29 senadores, ao menos 40 deputados e três governadores.
17 de maio: o jornal O Globo divulga parte do conteúdo de uma gravação de um dos donos da JBS, Joesley Batista, que põe o presidente Michel Temer na mira, por aparentemente dar seu aval a um suposto pagamento de propinas.
18 de maio: “Não renunciarei”, diz Temer. O então ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS/SP), apresenta sua demissão.
19 de maio: o STF autoriza investigação contra Temer por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.
21 de maio: o PSDB, principal aliado do PMDB, suspende uma reunião, na qual deveria decidir se permaneceria na coalizão. O partido condiciona sua decisão à sentença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que poderá anular o mandato de Temer.
3 de junho: ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) é detido em Brasília. Apontado como intermediário do presidente, ele foi filmado recebendo uma mala de dinheiro da JBS.
6 de junho: a Polícia detém o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves por esquema de propina do Arena das Dunas (Natal), estádio da Copa do Mundo de 2014.
O TSE abre sessão para retomar o julgamento sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições de 2014, por suspeitas de abuso de poder e financiamento ilícito da campanha.