Volume de chuvas em Pernambuco não deve ultrapassar índices de 2022

Às vésperas de completar um ano desde que Pernambuco foi acometido pela pelas fortes chuvas que resultaram na morte de 132 pessoas e deixaram mais de 6 mil desabrigados, o Estado voltou a enfrentar o acúmulo de água nesta quarta-feira (24).

Apesar do estado de atenção emitido, o meteorologista Thiago do Vale, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), acredita que o acúmulo de chuvas deste ano não deve ultrapassar os números de 2022.

“É pouco provável que o acumulado de chuva deste ano seja maior que o do ano passado. Porém, não é descartado que eventos de chuvas intensos venham a ocorrer este ano. Principalmente devido ao aquecimento do oceano atlântico”, afirma.

De acordo com o geógrafo e professor do departamento de Ciências Geográficas e do Programa de Pós-Graduação da UFPE, Osvaldo Girão, as reações dos extremos climáticos – que resultaram nas fortes chuvas do ano passado – devem ser mais brandas neste ano devido às mudanças dos fenômenos naturais presentes na região.

“Este ano o outono foi menos chuvoso do que o ano passado. No mês de maio de 2022 tivemos índices que foram superiores aos 500mm, que provocaram inundações, quedas de barreiras, mortes. O que aconteceu nesta quarta-feira é o que chamamos de ‘Ondas de Leste’, um dos principais sistemas atmosféricos que atuam na região e que causa fortes chuvas. Fazendo um comparativo com o ano passado, estamos com chuvas no outono até um pouco abaixo da média. Para o inverno, vamos ver como as chuvas vão se comportar”, explica.

Ainda em retrospecto aos efeitos causados pelos sistemas atmosféricos, Osvaldo informa que a chegada do El Niño resulta na escassez das chuvas, que devem ficar na média prevista para o período de junho a setembro.

“Nos últimos três anos, a região estava sob o domínio do La Niña que propicia chuvas com volume maior. Então chove mais no verão, no outono e no inverno. Foi o que vimos em 2020, 2021 e 2022. Agora o El Niño tem probabilidade de chegar entre os meses de junho e setembro e, geralmente, este fenômeno promove uma escassez maior de chuvas na região. Isso indica que as chuvas fiquem dentro da média”, conclui o geógrafo.

No Brasil, mais de 25% das mortes por chuvas nos últimos nove anos ocorreram em 2022, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).